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A Grande Sabedoria

Atualizado: 16 de mai. de 2022


Texto de Chuang Tzu (*)

A grande sabedoria vê tudo num só. A pequena sabedoria multiplica-se entre as muitas partes. Quando o corpo adormece, a alma envolve-se no Uno. Quando o corpo desperta, os sentidos abertos começam a funcionar. Ressoam a cada encontro Com os afazeres vários da vida, as dificuldades do coração; Os homens estão bloqueados, perplexos, perdidos na dúvida. Pequenos temores devoram a paz do seu coração. Grandes temores os tragam totalmente. Flechas vão de encontro ao alvo: acertam e erram, certo e errado. A isto é que os homens chamam discernimento, decisão. Seus pronunciamentos são tão definitivos Como os tratados entre imperadores. Ah, eles alcançam o que desejam! Mesmo assim, seus argumentos esmorecem mais rápidos e mais fracos Que folhas mortas no outono e inverno. Suas conversas fluem como urina, Para nunca mais se recomporem. Ficam, por fim, bloqueados, limitados, e amordaçados, Obstruídos, como velhos canos. A mente falha. Nunca mais verá a luz. O prazer e a raiva A tristeza e a alegria Esperança e perdão Mudança e estabilidade Fraqueza e firmeza Impaciência e preguiça: Todos são sons da mesma flauta, Todos são cogumelos do mesmo úmido mofo. Dia e noite seguem-se uns aos outros e vêm Até nós, sem vermos como eles brotam! Basta! Basta! Cedo ou tarde encontramos o «quê» Do qual «estes» todos crescem! Se não houvesse o «quê» Não haveria o «isto». Se não houvesse o «isto» Nada haveria com que estas cordas tocassem. Até aí podemos chegar. Mas como compreendermos A causa de tudo isso? Pode-se supor o Verdadeiro Governante Por detrás de tudo. Que tal Força opera Eu acredito. Não posso ver sua forma. Ela age, mas é sem-forma.

(*) Chuang Tzu foi um grande filósofo taoísta do Séc. IV a.C., os textos aqui publicados são fruto de um grande esforço de compilação e meditação de Thomas Merton, um monge católico do Séc. XX d.C. que estudou os textos de Chuang Tzu em várias fontes, nenhuma delas sendo a original, mas traduções da fonte original. Finalmente, coube a Paulo Alceu Lima traduzir a Merton, do inglês para o português, conforme visto no livro “A Via de Chung Tzu” (Ed. Vozes, esgotado)

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