Retirado do Tao Te Ching (*)
Todos neste mundo reconhecem a beleza do que é Belo e, desta forma, reconhecem também a feiura. Todos neste mundo reconhecem a habilidade dos Habilidosos e, desta forma, desejam desenvolver tal habilidade.
Da mesma forma, a existência e a não-existência geram uma a outra. E assim o longo e o curto se delimitam entre si, o alto e o baixo surgem de seu próprio contraste, as notas musicais se harmonizam na própria melodia, e aquele que veio antes demarca o que veio após.
Com este conhecimento, o sábio executa suas tarefas sem agir e ensina sem nada dizer.
Todas as coisas fluem sem timidez. Elas crescem, e nenhuma interfere no fluxo natural. Sem expectativas nem orgulho, elas realizam o que devem realizar.
É a sua falta de apego ao mérito da realização que faz com que sua energia jamais as abandone.
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Reflexão Um leão é grandioso para um rato, mas pequenino para um elefante. Seria o leão grandioso ou pequenino? Quando exatamente deixa de estar calor e começa a fazer frio? Um brasileiro e um islandês poderiam concordar sobre quando está frio e quando está calor? Não há Algo por detrás de todo calor e todo frio, anterior a majestade dos leões? Não há Algo de onde tudo flui? Os peixes no fundo do mar acaso veem letreiros a anunciar a Grande Igreja do Oceano?
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Todo mês traremos mais uma passagem do Tao Te Ching para uma interpretação e reflexão conjunta…
(*) Nesta tradução exclusiva do Tao Te Ching a partir da tradução clássica de James Legge para o inglês, Rafael Arrais (autor do blog Textos para Reflexão) usa do auxílio precioso das interpretações do ocultista britânico Aleister Crowley e do filósofo brasileiro Murillo Nunes de Azevedo para compor uma visão moderna da antiga sabedoria de Lao Tse.