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    A radicalidade da loucura

    Igor Teo | 12 de junho de 2014

    Certa vez Michel Foucault disse que a psicologia nunca poderá dizer a verdade sobre a loucura, pois é a loucura que detém a verdade da psicologia. Neste sentido, podemos entender que a loucura, em sua radicalidade, fornece a nós o entendimento da própria psique e dos mecanismos que sob o funcionamento aparentemente normal residem velados.

    Nos primeiros trabalhos de psicanálise, Sigmund Freud discutia a ideia de que o sofrimento psíquico advinha de tentativas mal sucedidas de nos defendermos de pensamentos perturbadores. Ao vivenciarmos uma experiência traumática ou termos um desejo repreensível, a consciência tende obliterar tal conteúdo mental para que este deixe de ser fonte de mal estar. Freud, no entanto, faz uma distinção da forma como nos defendemos das experiências traumáticas, e esta distinção remete a própria diferença estrutural do sujeito ao se colocar no mundo. Na neurose (comum aos sujeitos “normais”), o conteúdo aflitivo é recalcado e retorna sob a manifestação de um sintoma, seja este psicológico, comportamental, físico, etc. Na psicose (ou pictoricamente, a “loucura”), há um mecanismo de defesa muito mais forte, a que Jacques Lacan denominou de foraclusão: as ideias e experiências perturbadoras não são esquecidas e/ou deslocadas, mas são abolidas da psique, postas para fora. O elemento foracluído deixa um vazio traumático. Ao contrário da neurose, cuja experiência aflitiva é deslocada sob a forma de um sintoma, na psicose, é deflagrado o real inominável da experiência. 

    Muitos animais não possuem a compreensão de sua própria imagem especular. Isto é, se forem colocados de frente a um espelho, irão reagir a seu reflexo como se este fosse outro animal. Já o ser humano possui uma identificação imaginária de si, da sua imagem e dos limites do corpo que circunscreve o seu Eu. O ser humano, ao ver-se no espelho, sabe que está vendo a imagem de si próprio. Esta identificação, no entanto, não é inata. Em algumas psicoses, o sujeito é capaz de olhar para seu braço, por exemplo, e não reconhecê-lo como parte de si. Desenvolvemos esta identificação imaginária ainda nos primeiros momentos da infância, geralmente através de nossas relações com um adulto. É na relação com o outro que criamos a fronteira fictícia do que é o Eu e o que é o Outro. Muitas vezes os adultos dizem às crianças “você tem olhos lindos, parecem com os de seu avô” ou “suas orelhas lembras as orelhas da sua avó”, unindo a imagem corporal à história discursiva da criança, além de geralmente usar o nome da criança como vocativo, ligando-a ao mesmo.

    Ávidas por saber quem elas são, da onde vieram e para onde vão, se são queridas, desejadas, as palavras situam as crianças no mundo simbólico. Por sua vez, o que os adultos com que elas possuem forte ligação afetiva lhe contam e fazem se tornam seus primeiros referenciais de mundo. Entrar na ordem simbólica significa também aceitar as regras e convenções da sociedade, junto com as proibições e limites necessários para que ela funcione, o que tem efeitos no próprio corpo. A criança tem uma grande quantidade de libido, energia sexual do corpo que mobiliza o indivíduo para agir. Mas ao entrar na ordem simbólica, é dito à criança o que e quando comer, quando se deve ou não defecar ou urinar, é ensinado a se usar roupas para se cobrir o corpo e que não se deve acariciar nas partes íntimas publicamente, etc. Os adultos cuidadores estão constantemente transmitindo um “não” simbólico às crianças, impondo regras culturais ao corpo biológico sedento por satisfação libidinal. Deste modo, junto do Imaginário, o Simbólico toma o corpo e organiza-o, inscrevendo nele a Lei. O neurótico se subordina à Lei, e quando deseja romper com ela, padece de culpa. Mas enquanto o neurótico herda a significação que recebeu do Outro, apropriando-se dela como se fosse sua, o psicótico precisa ele mesmo dar uma significação deste Outro que o invadiu. Neste sentido, é justamente curioso como muitos esquizofrênicos queixam-se de vozes que escutam dentro de suas cabeças lhes dizendo constantemente o que fazer.

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    É necessário deixar claro que o que se costuma tomar como sintomas da loucura são, na verdade, respostas à loucura. O delírio não é um sintoma, mas uma tentativa de cura. O que muitas vezes é visto como patológico, trata-se na verdade da tentativa do psiquismo estabelecer-se após este se dar conta da carência da significação, uma vez que o sentido herdado foi foracluído. Por exemplo, no caso da paranoia, todas as situações passam a orbitar e serem interpretadas a partir da mesma matriz delirante: “as pessoas olham para mim porque estão me espionando”, “o abajur mudou de posição porque colocaram uma câmera nele”, etc.

    Uma diferença entre neurose e psicose é a dúvida. Enquanto o neurótico, no íntimo, duvida de suas crenças, o psicótico tem uma certeza subjetiva de que está certo. O neurótico pode escolher uma religião e se questionar quanto ao Deus com que ele se comunica em suas preces ser verdadeiro ou não. O psicótico tem certeza de que fala com Deus, e também que ele o responde. O neurótico não sabe se realmente ama o outro ou se o outro realmente o ama. Já o erotomaníaco tem a certeza de que é amado secretamente pelo outro. Se para os neuróticos, as pessoas podem ser boas e más ao mesmo tempo, sendo difícil balancear, na paranoia, ou são perseguidores ou são aliados. Não há meio termo.

    Quase toda criança pequena ocupa um lugar de centralidade nas atenções familiares, e quando isto não acontece desta maneira, há consequências psicológicas outras que não entrarão em questão aqui. A criança ama seus cuidadores e deseja conquistar o amor deles. Para tanto, desenvolve comportamentos que buscam atrair a atenção dos adultos, comportando-se bem ou mal, sendo introvertida ou extrovertida, dentre outras características. Porém, não há nada que uma criança possa fazer para ser sempre o centro das atenções. Em algum momento, ela se dará conta que para o outro sempre haverá alguma coisa além dela, não podendo ser ela o objeto completo de satisfação para o outro. Se na neurose esta experiência é recalcada, e tal fantasia se deslocará no futuro provavelmente para os relacionamentos amorosos, na psicose o sujeito pode fazer uma operação psicológica distinta, se colocando como um messias, salvador do mundo, o objeto completo que falta ao Outro.

    Nestes exemplos, podemos perceber que por trás dos delírios psicóticos existem as mesmas experiências que também passam os neuróticos que ocupam o lugar da normalidade. Isto revela que não há fator único de causalidade para a psicose. As experiências que podem desencadear uma psicose são as mesmas da neurose. A causa da loucura é muito mais as significações dadas inconscientemente pelo próprio sujeito em seu desenvolvimento que responsabilidade dos pais e cuidadores, uma vez que estes últimos por si só não são determinantes para definir o que caracterizará uma neurose ou uma psicose. Mas ainda que não determinantes, é a partir da experiência com o Outro que a psicose traçará a sua forma de estar no mundo.

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    Após experiências de natureza traumática, o psiquismo enfrenta um vazio de significação que explique o sentido daquela experiência. Na neurose, o trauma é recalcado e retorna sob a manifestação de um sintoma, sendo este último que sustenta o sujeito. O sintoma, a fantasia, as repetições, mais do que manifestações patológicas, são na verdade a resposta que o sujeito encontrou para se constituir a partir de suas experiências.  Por este motivo, o processo de mudança no labor analítico muitas vezes é tão demorado e trabalhoso. Para as psicoses, é o delírio que sustenta um significado ao elemento, que ao invés de recalcado, foi foracluído. É o delírio, em sua radicalidade, que fornece um sentido frente à angústia do niilismo da experiência. Deste modo, antes de termos uma ideia de divisão entre neurose e psicose, ou normalidade e loucura, devemos perceber que em todos nós, e em todas nossas experiências, há certa dose de loucura. E se por senso comum achamos que os loucos pouco sabem da realidade das coisas, talvez eles saibam dela muito mais que nós.

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    3 Responses to “A radicalidade da loucura”

    1. Henriquess777 disse:
      12 de junho de 2014 às 20:05

      muito bom igor!

      bem informativo!

      Responder
    2. Pedro Moreira disse:
      14 de junho de 2014 às 12:56

      Parabéns Igor, mais um texto excelente!

      Responder
    3. Kleber Motta disse:
      9 de janeiro de 2015 às 16:08

      Ótimo texto, muito esclarecedor! Estou sob suspeita de ter certo nível de psicose, e esse texto me tranquilizou muito. É um choque ver isso como uma possibilidade real, o tipo de coisa que da muito medo. Ao menos eu considero os meus delírios ridículos, e o enredo deles é algo bem inofensivo.

      Grato pelo texto.

      Responder

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