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Dhikr e Darshan

Atualizado: 12 de mai. de 2022


O único pecado praticado pela humanidade é o esquecimento, 7,2 bilhões de pessoas e poucas delas realmente tem alguma ideia do que é viver como um humano de fato. Nossa sociedade estimula uma rotina totalmente contrária a natureza humana, nós que buscamos internamente as respostas para as dúvidas universais (Quem sou? Da onde Eu vim? Para onde Eu vou? Qual o sentido da vida? Entre outros) rapidamente percebemos que o estilo de vida moderno dificulta a resposta dessas perguntas e até nos oferece respostas muito rasas.

Por que o mundo moderno falha ao responder essas perguntas?


Falha, pois ao indicar respostas no mundo externo, mostra que seus valores são temporais e for a de nosso controle, fala sobre uma realidade material e isso é uma grande mentira. Mentira essa que nos aprisiona.

O que é Dhikr?

Dhikr é um termo da tradição Sufi, porém esse conceito foi muito bem exposto pelos platonistas de forma de direta e todas as tradições mistico-religiosas de uma forma ou de outra tem alguma doutrina que pode ser chamada de Dhikr. Dhikr é praticar conscientemente a lembrança da nossa natureza divina até que isso se torne nosso estado de vigília.

No contexto religioso Dhikr é lembrar o nome de Deus sempre, os muçulmanos eles tem dois mantras principais para isso “La Ilaha Illallah” (Não há divindade além de Allah, ou numa tradução mais livre, Não há divindade além de Deus) e quando o praticante começa a ter as experiências extáticas esse mantra é substituído por “Allah”, onde o nome do Senhor será repetido sempre. Tais técnicas advém da crença de que os anjos vivem num estado eterno de adoração a Deus e que a encarnação na Terra tem como objetivo fazer os humanos lembrarem de Deus.

No contexto místico o foco da lembrança é despertar a consciência na Alma, que é o local adequado para um humano. De acordo com a tradição grega a Alma é pura e incorruptível, contudo é de sua natureza corrigir tudo que é inferior e isso que nos levou ao esquecimento dela, pois a natureza da matéria (com seus apegos, desejos, etc) dificulta a comunicação com estados superiores de consciência.

Agora, vamos falar sobre Darshan.

É compreensível a onda crescente de ateísmo, por diversos fatores, entre eles gostaria destacar a falta de uma conexão com o divino. Muitas pessoas vão para as suas congregações, missas, cultos, etc. contudo poucos apresentam sinais de terem vidas diferentes das pessoas que não fazem o mesmo e o fato é que poucas estão tendo experiências válidas. Talvez a pista para o porquê disso ocorrer esteja no meu post anterior.

Diferentemente da nossa situação, as culturas mais antigas guardam registros de fatos extraordinários ocorridos com os devotos sinceros e hoje pretendo lançar luz sobre uma doutrina interessante. Darshan é o nome na filosofia Indiana para “visão”, visão de algo que abençoe aquele que vê. O termo é extremamente vago, contudo meu interesse aqui é falar sobre Teofania (Theophaneia, em grego significa aparição de deus).

Certa vez ouvi falar de um sábio que disse “Até que você tenha uma experiência direta com Deus, a melhor escolha é ser um agnóstico, afinal você não tem certeza da existência ou da inexistência de algo divino”. É razoável dizer que essa postura é uma postura equilibrada, porém o paradoxo mora em que é, de certo modo, difícil ter uma experiência poderosa como uma Teofania sem estar aberto para isso. Por aberto eu me refiro a sinceridade e entrega completa.

Dito isso, é correto supor que uma experiência de tamanha magnitude não pode ser colocada em palavras, contudo Darshan sempre é acompanhado de uma mudança de vida que tem como raiz a mudança mental (metanoia) profunda que ocorre. Afinal é naturalmente inevitável uma transformação quando o véu cai.

Texto de Aurílio Santos, um dos autores do blog O Alvorecer.

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