Diferenças Mediúnicas entre Umbanda e Kardecismo
deldebbio | 3 de abril de 2018No livro “Lições de Umbanda e Quimbanda na Palavra de Um Preto-Velho” – W. W. da Matta e Silva, há um relato de Pai Ernesto de Moçambique sobre a diferença entre a mediunidade da “mesa kardecista” e a mediunidade de Umbanda :
“Pergunta : Existe alguma diferença entre a mediunidade da mesa kardecista e a mediunidade de Umbanda?
Resposta : “Sim! A mediunidade no chamado espiritismo de mesa é acentuadamente mental, as comunicações são quase telepáticas, predominantemente inspirativas, isto e’, os espíritos atuam mais sobre a mente dos médiuns, pois a atividade do espiritismo se processa mais no plano mental. Espiritismo de mesa não tem a missão de atuar no baixo astral contra os elementos de magia negra, como acontece com a Umbanda. Ele é quase exclusivamente doutrinário, mostrando aos homens o caminho a ser seguido a fim de se elevarem verticalmente a Deus. Sua doutrina fundamenta-se principalmente na reencarnação e na Lei da Causa e do Efeito. Abre a porta, mostra o caminho iluminado e aconselha o homem a percorre-lo a fim de alcançar a sua libertação dos renascimentos dolorosos em mundos de sofrimentos, como é o nosso atualmente, candidatando-se à vivência em mundos melhores. Em virtude disso, a defesa do médium kardecista reside quase exclusivamente na sua conduta moral e elevação dos sentimentos, portanto os espíritos da mesa kardecista, após cumprirem suas tarefas benfeitoras, devem atender outras obrigações inadiáveis.
É da tradição espirita kardecista que os espíritos manifestem-se pelo pensamento, cabendo aos médiuns transmitirem as idéia com o seu próprio vocabulário e não as configurações dos espíritos comunicantes.
Em face do habitual cerceamento mediúnico junto às mesas kardecistas, os espíritos tem de se limitar ao intercâmbio mais mental e menos fenomênico, isto é, mais idéias e menos personalidade. Qualquer coação ou advertência contraria no exercício da mediunidade reduz-lhe a passividade mediúnica e desperta a condição anímica. Por esta razão há muito animismo na corrente kardecista.
A faculdade mediúnica do médium ou cavalo de Umbanda é muito diferente da do médium kardecista, considerando-se que um dos principais trabalhos da Umbanda é atuar no baixo astral, submundo das energias degradantes e fonte primaria da vida.
Os médiuns de Umbanda lidam com toda a sorte de tropeços, ciladas, mistificações, magias e demandas contra espíritos sumamente poderosos e cruéis, que manipulam as forcas ocultas negativas com sabedoria. Em conseqüência o seu desenvolvimento obedece a uma técnica especifica diferente da dos médiuns kardecistas. Para se resguardar das vibrações e ataques das chamadas falanges negras, ele tem de valer-se dos elementos da natureza, como seja: banhos de ervas, perfumes, defumações, oferendas nos diversos reinos da natureza, fonte original dos Orixás ,Guias e Protetores, como meios de defesa e limpeza da aura física e psíquica, para poder estar em condições de desempenhar a sua tarefa, sem embargo da indispensável proteção dos seus Guias e Protetores espirituais, em virtude de participarem de trabalhos mediúnicos que ferem profundamente a ação dos espíritos das falanges negras, isto e’, do mal que os perseguem, sempre procurando tirar uma desforra.
Por isso a proteção dos filhos de Terreiro é constituída por verdadeiras tropas de choque comandadas pelos experimentados Orixás, conhecedores das manhas e astucias dos magos negros. Sua atuação é permanente na crosta da Terra e vigiam atentamente os médiuns contra investidas adversas, certos de que ainda é muito precária a defesa guarnecida pela evocação de pensamentos ou de conduta moral superior, ainda bastante rara entre as melhores criaturas. Os Chefes de Legião, Falanges, Sub-falanges, Grupamentos e Protetores, também assumem pesados deveres e responsabilidade de segurança e proteção de seus médiuns. É um compromisso de serviço de fidelidade mutua, porem, de maior responsabilidades dos Chefes de Terreiro.
Dai as descargas fluídicas que se processam nos Terreiros, após certos trabalhos, com a colaboração das falanges do mar e da cachoeira, defumação dos médiuns e do ambiente e dando de beber a todos água fluidificada. Espirito que encarna com o compromisso de mediunidade de Umbanda, recebe no espaço, na preparação de sua reencarnação, nos seus plexos nervosos ou chacras, um acréscimo de energia vital eletromagnética necessária para que ele possa suportar a pesada tarefa que irá desempenhar.
Na corrente kardecista, isto não é necessário, em virtude de não ter de enfrentar trabalhos de magia negra, como acontece na Umbanda, e mesmo permitir aos guias atuarem-lhe mais fortemente nas regiões dos plexos, assumindo o domínio do corpo físico e plastificando suas principais características. Enato vemos caboclos e pretos-velhos revelarem-se nos Terreiros com linguagem deturpada para melhor compreensão da massa humilde, assim como as crianças, encarnando suas maneiras infantis para melhor aceitação das mesmas. “
Gostei da sua resposta sobre médiuns egoísta e que dissemina preconceito e ódio a pessoa tem que ajudar e bem no que sabe.
Deuteronômio 18.10,11 e 12 Entre ti não se achará quem faça passar pelo fogo a seu filho ou a sua filha, nem adivinhador, nem prognosticador, nem agoureiro, nem feiticeiro; Nem encantador, nem quem consulte a um espírito adivinhador, nem mágico, nem quem consulte os mortos; Pois todo aquele que faz tal coisa é abominação ao SENHOR; e por estas abominações o SENHOR teu Deus os lança fora de diante de ti.
Boa tarde, muito interessante esse esclarecimento….eu bem imagina isso mesmo. Mas discordo de alguns comentários, como por exemplo que no kardecismo só se trabalha com energias mais elevadas e a Umbanda no baixo astral. No Centro Kardec que eu frequentei os médiuns incorporam caboclos, preto velho… Atendem toda sorte de pessoas com problemas espirituais. As desobssessões nada mais é que irmãos com sérios problemas espirituais. Lá tem grupo específico que trabalha durante a noite, consciente e fora do corpo no umbral. Bem como estou indo a um grupo Umbandista e o mesmo também é doutrinário.
Enfim, só gostaria de dizer que não podemos generalizar, uma vez que muitas casas de ambas religiões hoje em dia estão acabando com o preconceito. E as entidades estão a todo canto que for necessário.
Eu estou iniciando meu treinamento mediúnico, e frequento as duas vertentes. Sem problemas. Sigo meu coração.
Um grande abraço!
Muito pertinente seu comentário Andreia, os trabalhos mediúnicos enfrentam todo tipo de obsessão, acho que é esse o caminho, livre de egos inflamados e preconceitos. Temos que nos ajudar mutuamente, onde há amor e boa vontade, independente de qualquer religião, as forças do bem agirão, dissolvendo e amenizando o mal que nossos irmãos assistidos estão enfrentando.
Abraço fraterno,
Melque e Izadora…. fico feliz que tenham mais pessoas como eu que estão a procura de respostas coerentes, caridosas e que conversem e pesquisam sem ofender os demais…eu sei muito pouco…mesmo com 30 anos frequentando o kardecismo e menos ainda com meus oito ou nove meses na Umbanda… Para mim hoje um complementa o outro…e me sinto mais amparada pela espiritualidade quanto a isso… sentindo que o mais importante é “viver” a espiritualidade, fazer dela parte consolidada da nossa vida. Espero que esse e outros meios sejam sempre um canal para que possamos trocar experiências e estudos. Um grande abraço a todos.
Eu sei que a Umbanda também tem Kardec como base, embora não se resuma a ele.
A dúvida que tenho é sobre a interpretação Umbandista nas questões 552 até 555 do Livro dos Espíritos sobre amuletos e paramentos físicos para coisas espirituais.
Lá fala que não há formulas mágicas, palavras sacramentais e nem talismãs e coisa do tipo que tenham ação sobre os Espíritos pois, eles só são atraídos pelos pensamentos e não pelas coisas matérias.
Mas aí fica a dúvida: Espíritos são pessoas. Pessoas têm crenças enquanto vivas e enquanto desencarnadas. E estas crenças limitam a ação destas pessoas e influenciam o seu comportamento muitas vezes com paramentos físicos. Ex.: Um jogador de futebol que acredita ter uma “chuteira mágica” capaz de melhorar sua performance, quando usar a “chuteira mágica” se sentirá melhor e acabará tendo um desempenho otimizado, mas se mudar de chuteira terá o seu rendimento prejudicado.
Desse modo, a chuteira funciona como um amuleto que invoca uma sugestão mental no pensamento do jogador. De fato, o amuleto não tem impregnado em si nenhuma substância química ou energética que o faça jogar melhor. Mas, a sugestão que o amuleto invoca na mente do jogador tem esse poder, fazendo o amuleto funcionar como um gatilho mental de modo a ter um pode real atribuído a uma crença falsa preexistente, tornando-a por isso eficiente.
Sendo assim, se a crença de um encarnado em uma chuteira pode funcionar como um gatilho mental para evocar uma melhor performance futebolística, as crenças dos desencarnados irão limitá-los e controlá-los da mesma forma? É isso que pensa a Umbanda? Que os ritos e amuletos funcionam como uma espécie de Programação Neurolinguística do mundo espiritual? Ou não, que de fato esses itens têm propriedades mágicas e que o Espírito de Verdade errou no Livro dos Espíritos?
Sendo a primeira hipótese verdadeira, poderíamos dizer então que o Espírito de Verdade está correto em suas afirmações pelo fato do poder dado ao amuleto não ser espiritual, mas sim psicológico e emocional?
Se for assim, podemos dizer que a Magia do Caos tornar-se-á a vanguarda tanto dos saberes espirituais quanto da psicologia, por carregar a possibilidade de uni-las em apenas um protocolo de ação? Fiquei meio confuso com isso, se pudesse me auxiliar com a sua opinião eu ficaria muito grato.
Encontrei a resposta pra minha pergunta no livro, A Gênese. No cap. XIV que fala dos fluídos.Pelo que entendi um amuleto não tem nenhuma função a não ser que impregnemos ele com os fluidos magnéticos, dessa forma um objeto poderia sim ter propriedades especiais. E Emmanuel, no livro “Segue-me” diz o seguinte em relação a receptividade magnética: “A água é dos corpos mais simples e receptivos da Terra.”
Se raciocinarmos nesta afirmação podemos compreender que se a água é mais receptiva,obviamente há substâncias que sejam menos receptivas e talvez até reativas. E que essas substâncias reativas possam facilitar a dissolução de algum efeito magnético como os Umbandistas afirmam acerca do fumo que é criticado por nós espíritas como mistificação.
Me vejo obrigado a estudar as obras básicas da Umbanda pra ver se encontro mais coisas que o movimento espírita não percebeu…
Obrigado!
Verdadeiramente abriu minha cabeça para as diferenças.
Não é a primeira vez que vejo esse texto aqui no site e com a sua repostagem, resolvi comentar. Discordo do conteúdo, principalmente por ser tendencioso. É muito fácil falar na Umbanda se faz mais, exigi-se mais, vai-se a regiões onde outra religião não vai…. quando se é da Umbanda.
Basta buscar a literatura espírita a respeito de atendimentos a espíritos no baixo umbral, que se encontra diversos casos que desmentem essa informação.
@MDD – Papel aceita tudo. Romances espíritas, então… Hoje, na prática, nem incorporação mais o kardecismo possui. Só “passes”, “água fluidificada” e “palestras” cheias de dogmas, preconceitos e desinformação. Kardec virõ “São kardec” e os livros dele viraram a bíblia imutável dos espíritas. E ai de quem discordar…
E tem mais, nos próprios livros espíritas psicografados pelo Chico Xavier, é citado diversas vezes sobre os “guardiões” que acompanhavam quando ia ser feito resgates umbralinos. E quem eram os guardiões? EXUS. Agora vá a uma mesa kardecista e cite “Exu” ao invés de “guardião” pra ver.
Infelizmente o movimento espírita ou kardecista é muito elitista e tenta se colocar como doutrina sublime e elevada, rebaixando os outros segmentos que lidam com espíritos.
A Umbanda doutrina espíritos, essa é a premissa do Caboclo das Sete Encruzilhadas:
Com os mais elevados aprenderemos, aos menos elevados ensinaremos e A NINGUÉM RENEGAREMOS, TODOS PODERÃO PASSAR SUAS MENSAGENS.
Assim muitas vezes um Exu que ainda tem uma baixa vibração é doutrinado na Umbanda e aprende a trabalhar para o lado certo, respeitando as leis Universais e trabalha as vezes 20, 30 anos na casa dando auxílio e assistência aos encarnados e ainda ensinando o que aprendeu aos próximos Exus que chegarem.
A Umbanda não vira as costas para ele dizendo que ele é espírito atrasado e isso e aquilo, diferente do espiritismo.
Marcelo,
Lendo alguns textos de Papus e também teosofistas, eles falam dessas manifestações em sessões espíritas e mediúnicas, que seriam apenas cascas atrais da verdadeira pessoa, no caso de consulta aos mortos.
Mas jogando isso pra Umbanda, o que difere as entidades destas cascas, já que as mesmas entidades já foram humanas um dia?
Marcelo,uma duvida:A epoca de meu nascimento meus pais trabalhavam em uma casa umbandista(que infelizmente fechou com a morte dos dirigentes da casa)e la fui batizado,e logo em seguida me batizaram na ICAR…porem minha mae logo faleceu e meu pai virou kardecista,se casando posteriormente com uma catolica praticante…apos esse acontecimento,fiz catequese e crisma…minha pergunta é:continuo ligado de alguma forma a umbanda devido a meu batismo na mesma,apesar da casa ter fechado e eu ter dado prosseguimento aos “estudos” somente na ICAR?
não sou o MDD pra responder com certeza e autoridade, mas na minha opinião, não, vc não está mais conectado à egrégora da Ubanda. Mas a qualquer momento vc pode voltar a se ligar se resolver frequentar uma tenda e praticar a Ubanda. Da mesma forma, uma pessoa batizada, catequizada e crismada na ICAR pode se desconectar da egrégora se parar de frequentar a igreja, de acreditar nela e de seguir e praticar a crença nela.
Marcelo,tinha uma escritora russa chamada Wera Krijanowskaia que psicografava as obras do conde J. Rochester,que em seus romances quase sempre a figura(ou uma das figuras) central é um mago ou um iniciado…e as obras deste autor são reconhecidas pela FEB,apesar do ranço da federação com qualquer assunto relacionado a magia e ocultismo.Qual sua opinião a respeito de suas obras?
Comecei a frequentar o Kardec há pouco tempo. Antes eu tinha uma visão “esteriotipada” de que algum mentor da casa ia chegar até mim e contar toda a minha vida sem eu precisar dizer nada. Claro que esse é um pensamento bem estúpido, mas o que importa é que me sinto bem lá dentro, acolhido, sempre saio leve.
Mas ainda assim tenho muita vontade de conhecer a umbanda. Sempre quis, mas tenho receio, creio que por causa do senso comum.
Será que tem problema eu frequentar a umbanda e o Kardec ao mesmo tempo?
Vou dizer por mim Diego, talvez lhe sirva. Trilhar um caminho é difícil, trilhar dois, mais ainda. Vá a um terreiro, pelo menos umas 3x, entenda as diferenças energéticas, doutrinarias e de trabalho e veja qual lhe da mais afinidade ao espírito. Eu migrei em muitos lugares antes de chegar na Umbanda, mas quando cheguei, foi amor o que eu senti lá, desde então eu sigo o ritual de coração aberto. Chegou um tempo em que comecei a trilhar outro caminho junto, aconteceram alguns choques de egrégoras que eu acredito que não seja com todos que acontece e me foi explicado que no meu caso, eu estava tentando trilhar dois caminhos que não se afinavam, pois um buscava totalmente o polimento interno e o outro, a doação de si. Os dois levariam a um mesmo fim, mas eram duas estradas totalmente diferentes e isso para mim não seria benéfico, eu precisava escolher um e segui-lo, escolhi a Umbanda e sou feliz com minha escolha.
Posso afirmar que encontrei na Umbanda, respostas que nem o Kardecismo nem o Budismo me deram antes. E isso agregou muito nos meus estudos e minha pratica cotidiana. Sempre tive preconceito com a Umbanda, em especial pelo Corte (sacrifício de animais), mas felizmente encontrei um lugar que não realiza essa pratica e é de fato, Umbanda. Onde se realiza a caridade, algo que foge no publico majoritário, a percepção de que a Umbanda é um lugar para o bem, não para “pagar” para fazer “trabalhos” para os desafetos, qualquer lugar que faça isso não segue os fundamentos (literalmente) da Umbanda querida. Assim como tive a permissão e oportunidade de encontrar o Centro Pena Branca, sugiro aos irmãos que desejam conhecer a Umbanda, busquem pela chamada “Umbanda Branca”, que se certifiquem antes, de quais práticas se realiza na terreira, e sigam prestando atenção em cada detalhe, questionem, pois para tudo tem de haver explicação. Há lugares que trabalham para o bem, e lá as informações que as entidades fornecem são muito enriquecedoras, e há lugares que não trabalham para o bem, onde as informações são aquelas que inflam os egos dos consulentes.