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O Mangusto e os dois Viajantes

Atualizado: 21 de mar. de 2022

Havia dois homens dividindo um carro ferroviário. Eles não se conheciam, só estavam viajando juntos por acaso. Um dos homens tinha guardada em sua capa uma caixa de papelão, com buracos feitos no topo. Depois de um tempo imaginando o que havia dentro da caixa de seu companheiro de viagem, o outro homem não conseguiu conter sua curiosidade. Ele disse, “com licença, eu não pude deixar de notar sua caixa. Por acaso há algum tipo de animal aí dentro?” O outro homem sorriu e educadamente respondeu “você está absolutamente correto. Há mesmo uma criatura dentro desta caixa. E na verdade, eu posso até revelar, que o animal em questão é um Mangusto.”


O homem que iniciou a conversa ficou surpreso com a revelação. Surpreso, ele procurou uma explicação maior dessa informação, certamente provocativa, do estranho viajante…”Um Mangusto? Senhor, eu confesso que não esperava que fosse uma criatura tão exótica e estrangeira.


O animal que mencionou atiça tanto minha curiosidade que eu tenho que implorar para que diga mais. Qual sua relação com essa espécie, se me permite a ousadia?”

O outro homem, meio constrangido, respondeu “bem, é algo pessoal, já que se trata de uma tragédia familiar. Sabe, essa história triste é sobre o meu irmão mais velho. Ele sempre foi o que você poderia chamar de ovelha negra da família. Ele sempre se satisfez em vícios comuns e previsíveis, sendo o pior de todos seu apreço por bebidas fortes. Suas bebedeiras continuaram até ele chegar ao estágio final de melancolia, o delirium tremens. Meu irmão agora vê serpentes em todos os cantos, por isso estou levando este Mangusto para ele, para que possa se livrar delas.”


“Me perdoe”, o outro homem interrompeu, parecendo confuso, “mas essas cobras que seu irmão vê… não são cobras imaginárias?” Seu colega viajante respondeu “De fato. Mas esta…” e aqui ele gesticulou dramaticamente para a caixa perfurada, “é um mangusto imaginário.”


A piada foi escrita por Alan Moore em Promethea, e tirada do Livro das Mentiras de Aleister Crowley

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