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O Pessach

E naquela noite comerão a carne assada ao fogo, com pães ázimos; com ervas amargosas a comerão. (…) Assim pois o comereis: Os vossos lombos cingidos, os vossos sapatos nos pés, e o vosso cajado na mão; e o comereis apressadamente; esta é a páscoa do Senhor. (…) E este dia vos será por memorial, e celebrá-lo-eis por festa ao Senhor; através das vossas gerações o celebrareis por estatuto perpétuo. (Êxodo 12:8-14)

A páscoa é uma celebração judaica, onde este povo comemora a fuga da escravidão do Egito liderada por Moisés (retratada no livro “Êxodo” do Velho Testamento). Tornou-se uma celebração também cristã por conta de um pequeno detalhe: Jesus era judeu. SIIIIIIM, Jesus era judeu (embora todas as igrejas tentem ignorar isso), e como tal respeitava suas tradições (nem todas, é verdade). E foi justamente na páscoa, quando Jesus está a mesa com os apóstolos, repartindo o pão ázimo (sem fermento) de acordo com a simbologia judaica, e introduzindo um sentido único para os cristãos: ao repartir o pão e beber o vinho, lembrem-se dele, especialmente do que falava aos discípulos: “Porque o pão de Deus é aquele que desce do céu e dá vida ao mundo. Eu sou o pão da vida; aquele que vem a mim, de modo algum terá fome, e quem crê em mim jamais terá sede.” (João 6:32-35). Foi aí também que Jesus disse para Judas: “Judas, amigão, vai fazer aquele negócio que a gente combinou, mas que só vão decobrir daqui a 1.940 anos”.


O significado dessa simbologia é impenetrável para a maioria dos cristãos, porque é puramente espiritual. Mas as pessoas se apegam à letra morta, e sua visão (entendimento) fica limitada. Analisemos, pois, os versículos de João 6:48-63 com tradução simultânea:

“Eu sou o pão da vida. Vossos pais comeram o maná no deserto e morreram. Este é o pão que desce do céu, para que o que dele comer não morra. Eu sou o pão vivo que desceu do céu; se alguém comer deste pão, viverá para sempre; e o pão que eu darei pela vida do mundo é a minha carne. Disputavam, pois, os judeus entre si, dizendo: Como pode este dar-nos a sua carne a comer?

Disse-lhes Jesus: Em verdade, em verdade vos digo: Se não comerdes a carne do Filho do homem, e não beberdes o seu sangue, não tereis vida em vós mesmos. Quem come a minha carne e bebe o meu sangue tem a vida eterna; e eu o ressuscitarei no último dia. Porque a minha carne verdadeiramente é comida, e o meu sangue verdadeiramente é bebida. Quem come a minha carne e bebe o meu sangue permanece em mim e eu nele. Assim como o Pai, que vive, me enviou, e eu vivo pelo Pai, assim, quem de mim se alimenta, também viverá por mim. Este é o pão que desceu do céu; não é como o caso de vossos pais, que comeram o maná e morreram; quem comer este pão viverá para sempre.

Estas coisas falou Jesus quando ensinava na sinagoga em Cafarnaum. Muitos, pois, dos seus discípulos, ouvindo isto, disseram: Duro é este discurso; quem o pode ouvir? Mas, sabendo Jesus em si mesmo que murmuravam disto os seus discípulos, disse-lhes: Isto vos escandaliza? Que seria, pois, se vísseis subir o Filho do homem para onde primeiro estava? O espírito é o que vivifica, a carne para nada aproveita; as palavras que eu vos tenho dito são espírito e são vida.”

Outra linda passagem dessa Páscoa é o lava-pés, onde o Mestre Jesus, mais uma vez através de AÇÕES, deixa claro sua doutrina ao fazer um trabalho que era relegado às mulheres ou servos: lavar os pés dos convidados, antes da refeição.

“Ora, depois de lhes ter lavado os pés, tomou o manto, tornou a reclinar-se à mesa e perguntou-lhes: Entendeis o que vos tenho feito? Vós me chamais Mestre e Senhor; e dizeis bem, porque eu o sou. Ora, se eu, o Senhor e Mestre, vos lavei os pés, também vós deveis lavar os pés uns aos outros. Porque eu vos dei exemplo, para que, como eu vos fiz, façais vós também. Em verdade, em verdade vos digo: Não é o servo maior do que o seu senhor, nem o enviado maior do que aquele que o enviou.” (João 13:12-16)

Ainda assim, os discípulos continuaram orgulhosos, e Jesus mais uma vez lembra a eles da humildade:

“Levantou-se também entre eles contenda, sobre qual deles parecia ser o maior. Ao que Jesus lhes disse: Os reis dos gentios dominam sobre eles, e os que sobre eles exercem autoridade são chamados benfeitores. Mas vós não sereis assim; antes o maior entre vós seja como o mais novo; e quem governa como quem serve. Pois qual é maior, quem está à mesa, ou quem serve? Porventura não é quem está à mesa? Eu, porém, estou entre vós como quem serve.” (Lucas 22:24-27)

Sim… e durante milênios a doutrina de Jesus foi usada (NÃO SEI COMO!) pra justificar hierarquias políticas eclesiásticas onde o maior, em vez de servir, é servido!

E onde entra o coelhinho e o chocolate, nessa história? Quando a Igreja Romana dominou o ocidente, autoridades do clero iam às feiras livres para ver quem comprava ervas amargas nos dias da Páscoa, para sentenciá-los à morte nas fogueiras do Tribunal do Santo Ofício (a “Santa Inquisição”, a mesma Ordem a que o Papa Benedito XVI pertence), por serem tidos como judeus, por estarem cumprindo a ordem de Deus de celebrar a Páscoa. Isso causou tal pânico ao povo, que quase todos os cristãos deixaram de comemorar de maneira devida, essa tão importante festa cristã.

Vamos ver agora a simbologia por detrás da comemoração da Páscoa, dessa vez do ponto de vista judeu (ou seja, dos criadores da Páscoa), através deste texto do Rabino Henry Sobel:

Em todas as gerações, cada pessoa deve sentir-se como se ela própria tivesse saído do Egito “Esta frase, que leremos na mesa do Seder nas noites de 12 e 13 de Abril, afirma que devemos considerar Pessach como uma época de libertação pessoal, que cada judeu deve ver nesta comemoração a ocasião de sua própria redenção. Mais ainda, Pessach não é um acontecimento que ocorreu no passado, séculos atrás, mas sim uma força redentora em nossos dias. A implicação é que o êxodo do Egito é uma experiência vivida por todos nós e faz parte da história existencial, individual, de cada judeu.

Meus amigos: o Egito não é apenas um ponto no mapa, um país; é um estado de espírito. O Êxodo não é apenas um evento histórico, mas uma possibilidade sempre atual. O Egito dos tempos bíblicos representa todas as forças que escravizam o homem. E toda vez que o homem consegue se libertar destas forças, ele vivencia um novo Êxodo. Um rabino observou que a palavra hebraica Mitzraim (Egito) vem da mesma raiz que metzonm, literalmente “lugares estreitos”. A essência do Egito é a estreiteza da vida. Tudo que restringe e limita nossa visão constitui um “Egito”. Pessach é a hora de nos libertarmos deste Mitzraim.

Nesta época do ano, quando celebramos nossa liberdade, cada um de nós deve se perguntar: “Qual é o meu Egito particular?”. O que é que constringe e obstrui minha própria vida?. São muitos os Egitos que nos oprimem: Ambição excessiva, inveja, materialismo, o apego ao status quo, para citar apenas alguns. Mais difícil que retirar o judeu do Egito é retirar este Egito de dentro do judeu.

Que Pessach traga para cada um de nós o Êxodo do seu Egito interior. E que possamos alargar e engrandecer nossa vida em serviço à nossa família, à nossa comunidade, ao nosso povo e a nossa fé.

Referência: A verdade sobre a Páscoa;

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