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O Sopro da Natureza

Texto de Chuang Tzu (*)

Quando a Natureza magnânima suspira, Ouvimos os ventos que, silenciosos, Despertam as vozes dos outros seres, Soprando neles. De toda fresta Soam altas vozes. Já não ouvistes O marulhar dos tons? Lá está a floresta pendente Na íngreme montanha: Velhas árvores com buracos e rachaduras, Como focinhos, goelas e orelhas, Como orifícios, cálices, Sulcos na madeira, buracos cheios d’água: Ouve-se o mugir e o estrondo, assobios, Gritos de comando, lamentações, zumbidos Profundos, flautas plangentes. Um chamado desperta o outro no diálogo. Ventos suaves cantam timidamente, E os fortes estrondam sem obstáculos. E então o vento abranda. As aberturas Deixam sair o último som. Já não percebestes como então tudo treme e Se apaga? Yu respondeu: Compreendo: A música terrestre canta por mil frestas. A música humana é feita de flautas e de instrumentos. Que proporciona a música celeste? Mestre Ki respondeu: Algo está soprando por mil frestas diferentes. Alguma força está por trás de tudo isso e faz Com que os sons esmoreçam. Que força é esta?

(*) Chuang Tzu foi um grande filósofo taoísta do Séc. IV a.C., os textos aqui publicados são fruto de um grande esforço de compilação e meditação de Thomas Merton, um monge católico do Séc. XX d.C. que estudou os textos de Chuang Tzu em várias fontes, nenhuma delas sendo a original, mas traduções da fonte original. Finalmente, coube a Paulo Alceu Lima traduzir a Merton, do inglês para o português, conforme visto no livro “A Via de Chung Tzu” (Ed. Vozes, esgotado)

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