Planejamento, Intuição e Estudos
Jeff Alves | 24 de julho de 2011Vários sistemas de ocultismo indicam em seus ensinamentos quantas horas de estudos devemos ter a cada semana e o número de práticas, bem como o tempo médio para executá-las, que devemos realizar diariamente, deixando a nosso cargo escolher o melhor período possível para isto. Muitos fazem esta escolha através do planejamento, mas muitas não.
É inegável que para termos sucesso na Senda devemos ter diversos atributos e um desses é a disciplina. Porém, geralmente agimos por impulso, motivados pelo desejo de ter um sucesso imediato. Desta forma, assim que tomamos conhecimento de uma ação, agimos e adaptamos o nosso dia para que possamos realizar tal ação sem planejamento prévio, o que geralmente acaba sem a conclusão satisfatória.
Qualquer atividade humana realizada sem qualquer tipo de preparo é uma atividade aleatória que conduz, em geral, o indivíduo a destinos não esperados e situações piores que as já existentes. Portanto, deve-se considerar que o planejamento é a condição básica para o sucesso de qualquer trabalho, ficando claro que a qualidade será conseguida quando planejamos isto de maneira organizada, dentro de uma sequência pré-determinada.
No entanto, se o planejamento é necessário, o uso da faculdade intuitiva é ainda mais essencial. Os ocultistas são flexíveis, pois caso surja um lampejo intuitivo que faça com que abdiquem de tudo o que planejaram, realizam o que o seu interior os estimula a fazer.
Fica claro e evidente que devemos seguir estes dois processos – planejar sempre e ser flexível o bastante para seguir a nossa intuição, já que as duas constituem importantes fatores para o avançar na Senda mística. O maior perigo de um planejamento é que ele seja seguido ao pé da letra, rígida e dogmaticamente, sem qualquer flexibilidade de desvios ou interrupções. Livremo-nos disto.
Um Ritmo de Estudo
Um aluno entra numa aula de piano e deseja aprender a tocar maravilhosamente bem em apenas uma semana. Nota-se que isto é um sonho extremamente difícil, senão impossível, de realizar-se. Para que ele consiga cumprir o seu objetivo, ele deve esquecer o tempo em que deseja e seguir o seu próprio ritmo. Um dos atributos necessários para este aprendizado é a disciplina. Logicamente, percebe-se que são necessárias aulas gradativas, a começar do básico até o mais difícil, seguindo um horário pré-estabelecido para este treinamento.
Da mesma forma que no exemplo acima é o despertar espiritual. Não adianta achar que em apenas uma semana você vai ser um Buda da vida porque você não vai se tornar…
Para o estudante é essencial a definição de um período durante a semana para os estudos e práticas. Escolha um tempo para isto. Não é necessário que sejam horas e horas durante o dia, pois devemos entender que o desenvolvimento na senda mística deve ser equilibrado e gradativo. No mínimo duas horas semanais é suficiente.
Desafio
Um antigo tratado de astronomia hindu, o Surya Siddhanta, descreve os períodos diários de horas significativas. Um desses períodos, relacionado a um certo planeta, é o mais recomendável para que se possa estudar e fazer experimentos ocultistas, segundo tal tratado. Tente descobrir qual é este período e em quais horários de cada dia da semana ele acontece. Defina um dia da semana para fazer seus estudos e práticas. Selecione um horário durante este dia e tente cumpri-lo durante um mês, iniciando e terminando rigorosamente no horário pré-estabelecido, onde de preferência este horário esteja dentro do período encontrado.
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– Emanações e a Árvore da Vida
Num livro de Wicca que possuo. O autor descreve o caminho e os atributos do ‘Guerreiro Wicca’. E diz ( parafrase ) : ‘O Guerreiro Wicca nao está disponivel. Isso não quer dizer que ele vai ter uma rotina inflexivel, mas o guerreiro não pode deixar-se levar e perder o foco do seu desenvolvimento/treinamento.’
O estudante nao pode estar ‘disponivel’ para os eventos que não sejam relacionados a senda. Nao quer dizer nunca mais fazer nada superfluo. Mas ter em mente quais as atividades corretas e relacionadas ao estudo e quais sao apenas perda de tempo e vicios da rotina.
Lamento nao ter o livro comigo para citar corretamente e para fornecer o nome do autor. :/
Abraços.
Devemos ter controle daquilo que fazemos, assim teremos sucesso em tudo…
Belo Post…
Abração
Ótima dica Jeff.
Eu mesmo tenho sérios problemas para conciliar os estudos com a vida profana + vida em família… Sem contar o ócio que acaba atrapalhando sempre…
Vou procurar impor o ritmo sugerido.
Paz & Luz
http://www.sedentario.org/videos/experimente-algo-novo-durante-30-dias-45518
Como diria o Ace Ventura: “Como uma Luva”.
=D
Que Odim me acompanhe!
Otimo texto ! Alias tudo na vida é preciso planejamento, senão vc se perde a cada impulso…- eu que o diga… –
Em matéria de autoaprimoramento, eu me pego com isso há anos, por incrível que possa parecer, sempre incorrendo ou no excesso da disciplina ou no excesso da falta dela.
O excesso da disciplina acaba extrapolando em perfeccionismo e auto-imposição e o excesso da falta em desorganização mental e prática.
Pelo que entendo é preciso encontrar um equilíbrio no qual se consegue apaziguar as próprias exigências de prazer. Seja qual for a nova atividade, precisa se tornar prazeirosa de ser exercida, e se não é muito, pelo menos de início, inserí-la de forma realmente leve no cotidiano. Algumas pessoas podem ter mais facilidade nisso, mas na minha experiência isso exige autoconhecimento e uma séria flexibilização do ideal que se faz de si mesmo para obtê-lo.
Vejo gente que consegue se impor coisas e usar de força de vontade para modelar a si mesma, mas autocompreensão e autoamor são as únicas coisas que posso usar sem adoecer.
Tomando o mundo como analogia a nós mesmos, se queremos mudar o modo de vida de uma coletividade podemos violentá-la militarmente e impor condições, arcando com os custos enormes envolvidos desde dinheiro a comoções, tragédias, revoltas, repressões, etc. até o tempo em que supostamente a coletividade já teria se adaptado ao novo regime imposto (o que não acontece plenamente por essa via); ou podemos primeiro aceitá-la como é, compreendê-la, estudá-la, ouví-la, e intervir de maneiras menos drásticas porém despertando consciencia e deixando que a própria coletividade se transforme de dentro para fora.
Sem dúvidas o segundo meio é mais lento, mas é mais completo, legítimo e profundo. Me parece um meio mais adequado de se lidar consigo mesmo, não que eu não tenha tentado o primeiro método primeiro e ainda tenda fortemente a fazê-lo, mas que nessa vida não tenho condições de aplicá-lo decentemente, o que me fez procurar outras maneiras.
Muito bom este texto.
Algo que se encaixaria aqui é aquilo que pode vir como um parasita e atrapalhar o trabalho: o ócio.
Se você ficar sem fazer nada, a irritação e inquietude podem atrapalhar. Então temos o ócio criativo(do italiano Domenico de Masi) onde transformar períodos inativos em atividades lúdicas e criativas para o bem de nosso ser.
Ainda ontem li um pequeno texto sobre o conceito de flanar. Não sabia que sair despreocupadamente, sem compromisso por aí tinha um nome. Pois está nesse ínterim que o apenas olhar nos remete a descobrir facetas de nós mesmos que podem estar latentes, querendo sair da casca. Pode ser lido aqui ( http://wp.clicrbs.com.br/mardeideias/2011/07/27/flanar/?topo=87,1,1,,,87 ).
:)