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Pequeno ensaio sobre Verdade e Mentira

Atualizado: 16 de mar. de 2022


O ser humano mente, mentimos o tempo todo sem nos darmos conta, mentimos para os outros e principalmente mentimos para nós mesmos. Falamos sobre o que não sabemos, mentimos sobre poderes e qualidades que não possuímos, defendemos meias verdades como verdades absolutas. E a pior parte da mentira é que ela nos afasta da Verdade.


FORMAÇÃO X FORMULAÇÃO

Quando alguém nos pergunta algo sobre qualquer assunto, ou quando (muitas vezes) damos nossa opinião sem ser solicitada, falamos sobre o que pensamos na hora sem muito desenvolvimento, quando muito já pesquisamos sobre o assunto ou conversamos com pessoas que julgamos entender mais que nós.


Toda vez que somos questionados sobre uma situação, ideia ou qualquer coisa que seja emitimos uma opinião baseada, algumas vezes, em pesquisa, em posições políticas já estabelecidas, em conceitos humanísticos, ou simplesmente no achismo.


O achismo não é uma mentira per se, mas é um processo de empobrecimento de uma ideia. Todos nós temos a capacidade de aprender sobre um assunto, em maior ou menor grau de complexidade muitos de nós dominam ou entendem mais de um assunto e menos de outros, não obstante nos colocamos como especialistas em quase tudo.

Esse é o processo de formação, é uma “verdade” formada no momento baseada em seus sentimentos e posições pessoais e algumas vezes pelo simples ato automático de rebater uma opinião por rebater. O processo de formação é a resposta automatizada do ser humano fruto do nosso vício em falar e em mentir.


O processo inverso o de formulação é aquele onde o sujeito analisa a questão, inclusive do ponto de vista emocional, passa pelo crivo da razão, da experiência, do conhecimento e até espiritualmente. Ele vai além da resposta automática, cada expressão é uma uma verdade pessoal dentro daquele nível de consciência. Ele se questiona sobre aquele assunto e o coloca em debate, a cada novo argumento ele reanalisa as questões diante da nova ideia e continua o processo dialético interno da forma mais sincera possível.


A medida em que nossa consciência expande ela acelera e esse processo que pode ser lento, muito lento no inicio, tende a se tornar mais rápido. Já reparou como os mestres falam devagar, ou tem longas pausas entre suas ideias ? É esse processo ocorrendo na prática. O inverso também é real, basta observar qualquer discussão comum do dia a dia, como os argumentos são disparados de forma vazia, ou defendidos de forma apaixonada com tal cegueira a ponto de jamais analisar a questão sob outras óticas ou admitir o erro. Desde de quem é a culpa pelo relatório atrasado até redução da maioridade penal.


MENTIR A SI MESMO




Mentir a si mesmo é sempre a pior mentira e a mais comum, na magia esse caminho é perigoso, pois a evolução do mago, acredito, deve ser atestada pela qualidade dos frutos que gera registrada em seus relatórios. O estudo detalhado do seu próprio diário pode revelar a medida do seu desenvolvimento. Um relatório inverídico, pode minar o trabalho de desenvolvimento na medida em que leva ao erro. Essa mentira pode ser um enganar a si próprio na percepção dos atos ou na descrição dos atos.

Mentir a si mesmo é se colocar em situações que sabemos serem nocivas a nós e racionalizarmos de diversas formas, mentir para si mesmo saber o que deve ser feito e mesmo assim continuar sem fazer, procrastinando decisões e atitudes. Inventar desculpas é um outro nomes para esses atos.

Acredito, por experiência própria que temos dentro de nós todas as respostas, é difícil de ouvi-la em geral porque ou a resposta não nos agrada ou simplesmente existem tantas vozes ao mesmo tempo que simplesmente ignoramos todas.


AS MENTIRAS NOS AFASTAM DA VERDADE


Como o mago, aquele que busca sua Verdadeira Vontade, pode querer encontrá-la se ele mente ?


Como o místico, aquele que busca a dissolução no absoluto, pode querer mergulhar em Deus, a verdade incognoscível e suprema se ele mente ?


Como o buscador, aquele que quer as respostas, que faz as perguntas, pode querer descobrí-las se ele mente ?

Por definição do mentalismo atraímos aquilo que pensamos/sentimos/vibramos, portanto mentir é se afastar da Verdade e por conseguinte da Verdadeira Vontade de Deus e das Respostas.


MUITOS LADOS DE UMA VERDADE E A FÁBULA DOS SÁBIOS CEGOS


Creio que a verdade absoluta na pode ser percebida em sua totalidade por nosso aparato enquanto humanos, por isso temos a nossa verdade, no entanto, pelo exposto acima devemos levar em conta que os outros tem suas próprias verdades e respeita-las. Para entender essa questão e podermos aplica-la a nossa vida cotidiana para entendermos o porque de tantos métodos, religiões sistemas e explicações diferentes sobre os mesmos assuntos que se colocam na posição de verdades vamos conhecer a fábula dos sábios cegos.


Numa cidade da Índia viviam sete sábios cegos. Como seus conselhos eram excelentes, todas as pessoas os procuravam quando tinham algum problema. Embora fossem amigos, havia certa rivalidade entre eles, que, de vez em quando, discutiam sobre quem seria o mais sábio.



Certa noite, depois de muito debaterem sobre a verdade da vida e não chegarem a um acordo, o sétimo sábio ficou tão aborrecido que resolveu morar sozinho numa caverna da montanha. Disse aos companheiros:- Somos cegos para que possamos ouvir e compreender melhor do que os outros a verdade da vida. Mas, em vez de aconselhar os necessitados, vocês ficam aí brigando, como se quisessem ganhar uma competição. Não aguento mais! Vou-me embora.


No dia seguinte, chegou à cidade um comerciante montado num elefante imenso. Os cegos jamais haviam tocado nesse animal e foram ao encontro dele.

O primeiro sábio apalpou a barriga do animal e declarou: – Trata-se de um ser gigantesco e muito forte! Posso tocar os seus músculos e eles não se movem; e eles não se movem; parecem paredes.


– Que bobagem! – disse o segundo sábio, tocando a presa do elefante, este animal é pontudo como uma lança, uma arma de guerra.


– Ambos se enganam – retrucou o terceiro sábio, que apertava a tromba do elefante – Este animal é idêntico a uma serpente! Mas não morde, porque não tem dentes na boca; é uma cobra mansa e macia.


– Vocês estão totalmente alucinados! – gritou o quinto sábio, que mexia as orelhas do elefante – Este animal não se parece com nenhum outro. Seus movimentos são ondeantes, como se seu corpo fosse uma enorme cortina ambulante.


– Vejam só! Todos vocês, mas todos mesmo estão completamente errados! Irritou-se o sexto sábio, tocando a cauda do elefante. – Este animal é como uma rocha com uma cordinha presa no corpo. Posso até me pendurar nele.


E assim, ficaram horas debatendo, aos gritos, os seis sábios. Até que o sétimo sábio cego, o que agora habitava a montanha, apareceu conduzido por uma criança.


Ouvindo a discussão, pediu ao menino que desenhasse no chão a figura do elefante. Quando tateou os contornos do desenho, percebeu que todos os sábios estavam certos e enganados ao mesmo tempo.


Agradeceu ao menino e lhe disse:


– Viu? Cada um deles disse a sua verdade, mas nenhuma delas é totalmente correta. Assim os homens se comportam diante da verdade. Pegam apenas uma parte, pensam que é o todo, e continuam tolos. Se soubessem ouvir e compreender o outro, e se observassem o mundo de diferentes ângulos, alcançariam o conhecimento e a sabedoria.


Faço votos de você esteja sempre em companhia da Santa Sabedoria.


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